OS LIVROS APÓCRIFOS


UNIDADE V

OS LIVROS APÓCRIFOS

São chamados de livros apócrifos, isto é, (ocultos, falsos, sem autenticidade), os livros escritos no período conhecido como Período Interbíblico. É sabido que durante esse período de mais ou menos 400 anos, não houve nenhuma manifestação de Deus, através de visões ou revelações; todos os profetas e sacerdotes se calaram, (conferir em 1 Macabeus 4.46, 9.27 e 14.41), foi uma época muito sombria para todos os judeus.
São 14 os escritos apócrifos: 10 livros e 4 acréscimos a livros. Antes do Concílio de Trento, a igreja Romana aceitava todos, mas depois passou a aceitar apenas 11, sendo 7 livros e 4 acréscimos a livros. São eles: Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiático, Baruque, I e II Macabeus. Os acréscimos são: Ester 10.4 a 16.24, o Cântico dos Três Santos filhos - Daniel 3.24 a 90, História de Suzana - Daniel 13 e Bel e o Gragão - Daniel 14.
Antes de prosseguirmos é necessário que saibamos o seguinte sobre os escritos apócrifos:
1.  Foram escritos depois de haver cessado toda e qualquer inspiração divina.
2.  Os judeus nunca os reconheceram como Escrituras Hebraicas.
3.  A igreja primitiva nunca os reconheceram como sendo inspirados (canônicos).
4.  Foram inseridos na Bíblia quando se fez a tradução para o grego chamada Septuaginta.
5.  Da Septuaginta os apócrifos foram levados para a tradução Latina.
6.  Jerônimo, o tradutor da “Vulgata” não fez nenhuma menção deles como sendo inspirados.
7. Josefo, um dos maiores historiadores judeus, que viveu na época da Igreja Primitiva, rejeitou-os totalmente.
Quando no episódio da Reforma Religiosa do século XVI, a igreja Romana levou um duro golpe, pois os líderes da Reforma combatiam violentamente as heresias ensinadas pelos romanistas, tais como: o purgatório, a oração pelos mortos, a salvação por meio de obras de caridade (esmolas) etc. Por isso não viram outro meio de conter a debandada dos fiéis a não ser aprovando os livros apócrifos, fazendo-os passar como se fossem canônicos. A aprovação foi feita em ambiente tumultuado, pois dentro da própria igreja Romana não havia consenso para a aprovação de tais Livros. O Cardeal Pallavacini, em sua “História Eclesiástica” declara que em pleno concílio, 40 bispos dos 49 presentes, travaram luta corporal agarrados às barbas e batinas uns dos outros (…). Sabemos perfeitamente que foi um ato de desespero dos romanistas, pois a aprovação dos apócrifos pelos mesmos foi uma intromissão do poder do Bispo de Roma em assuntos judaicos, pois a fixação do cânon do Antigo Testamento era de competência exclusiva dos judeus e o mesmo já havia sido feito em Jâmnia no ano 90 AD, a aprovação dos apócrifos se deu em 08 de abril de 1546, isto é, aproximadamente 1500 anos depois de já estar reconhecido e fixado o cânon das Escrituras Hebraicas.
Além dos mais tais livros nunca foram citados por Jesus ou pelos apóstolos, (encontramos no Novo Testamento aproximadamente 915 citações do Antigo Testamento), da mesma forma os pais da igreja primitiva nunca reconheceram canonicidade neles. Encontramos ainda nos apócrifos, opiniões divergentes da divina, contradições históricas, erros, falsidades, contos e lendas, senão vejamos:
1 - Contém várias discrepâncias históricas.
1.1 - Alexandre reparte o seu reino entre seus generais, estando ele ainda vivo (1 Macabeus 1.7), o que é contrário a História.
1.2 - Os livros de 1 e 2 Macabeus contradizem-se entre si no caso da morte de Antíoco, o fazem morrer de três maneiras diferentes, compare 1 Macabeus 6.16 com 2 Macabeus 1.16 e 9.28.
2 - Estão repletos de contradições.
2.1 - Vejamos o exemplo de um anjo de nome Rafael que prega dolorosas mentiras, veja Tobias 5.7,18 e 12.15.
2.2 - Em Judite 9.2 faz-se crer que foi Deus quem pôs nas mãos de Simeão a espada para matar os habitantes de Siquem, enquanto Jacó inspirado pelo Espírito de Deus, amaldiçoa o ato de Simeão (Gn 49.5-7).
3 - Contém ensinos que conflitam com os ensinos contidos nos livros canônicos.
3.1 - A oração pelos mortos é claramente ensinada em 2 Macabeus 12.42-46. Veja Hb 9.27.
3.2 - A justificação do suicídio conforme 2 Macabeus 14.41-46. Sabemos que Deus é o autor da vida. Veja Jo 1.4, 14.6.
3.3 - Esmolas como expiação pelos pecados, está claro em Tobias 4.7-12 e 12.8-9, veja Hb 9.28, Rm 3.20-23, 1 Pe 1.18-19, Ef 2.8-9 e 1 Jo 1.7.
3.4 - Artes mágicas, feitiçaria e supertições. Veja Tobias 6.5-9
"Então, o anjo lhe disse: toma as entranhas deste peixe e guarde para ti seu coração, o fel e seu fígado. Pois são necessários para medicinas úteis. . . Logo, Tobias perguntou ao anjo e lhe disse: Eu te rogo, irmão Azarias, para quais remédios são boas essas coisas, que tu pediste separar do peixe. E o anjo, respondendo, lhe disse: Se puseres um pedacinho do seu coração sobre as brasas, seu fumo há de espantar toda a espécie de demônios, seja de um homem ou de uma mulher, de modo que não possam mais voltar a eles."

Tal ensino não se dá em nenhuma outra parte das Escrituras. O coração de um peixe não possui poder mágico e sobrenatural para espantar "toda a espécie de demônios." É inexplicável acreditar-se que Deus tivesse mandado a um de Seus anjos dar a Tobias ou a algum outro homem o conselho de praticar semelhante arte feiticeira.

Satanás não pode ser expulso por algum truque. Qualquer pessoa que pretenda usar alguma das artes aludidas para executar coisas sobrenaturais não procede de acordo com os 66 livros dos Escritos Inspirados.
S. Marcos 16: 17. Cristo afirma que Satanás seria expulso em Seu nome.
Atos 16:18. Paulo mandou o espírito sair da mulher em NOME DE JESUS CRISTO. Ela foi livrada do poder maligno. Tudo isso não se harmoniza com os escritos de Tobias.
veja ainda At 19.18-19.
3.5 - Vemos ainda a preexistência da alma fora do corpo em Sabedoria 8.19-20, um demônio que se apaixona por uma mulher, Tobias 3.8, recomenda-se vingança sobre os inimigos, Eclesiástico 30.6, ensina o egoísmo, Eclesiástico 38.16-24 e o panteísmo em Eclesiástico 43.29.
Além de tudo que acabamos de ver, pesa ainda o fato de que nenhum autor dos livros apócrifos reclama canonicidade de seus escritos, pelo contrário pede desculpas de possíveis erros em seus escritos, conforme vemos em 2 Macabeus 15.38-40.
Que Deus nos ajude para mantermos uma posição contrária a toda e qualquer tentativa dos homens profanos e apóstatas no que se refere as Escrituras Sagradas, sabendo que o conselho de Deus ao seu povo era de não acrescentar nem diminuir nada daquilo que estava contido na Sua Palavra, Dt 4.2, 12.32 e Ap 22.18-19.

 Prof. Rodrigo Galvão